Onde
começa? onde termina? Não
sei.

Na
roda todos estão protegidos ou todos e todas estão sob vulnerabilidade. Em caso
de ataque todos/todas podem saber que alguém foi atacado e todos e todas podem
se unir para ajudar ou, em caso de desequilíbrio, no ciclo também podemos
apedrejar uns/uma aos outros/outras! Trocarmos pedradas. A roda também
demonstra nossas fragilidades e pequenez. Candomblé
é a roda da vida.
Não
sofra se alguém está à sua frente ou depois de você, fazem parte e são elos da
mesma roda. Um
depende do outro. Se
faltar um elo, a roda, a gira não está completa. Não
existe melhor, nem maior, nem pior nem menor na roda de culto. Enquanto
olhas a todos que seguem a roda também és olhado/olhada. Se
sentes que na roda alguém é responsável por algum desequilibro em relação a
você, não olhe como se existisse só um culpado. Na
roda todos e todas são responsáveis por tudo que ali acontecer. Por
que não nos perguntamos como estamos contribuindo para que alguém aja comigo
daquela maneira? Sou só vítima enquanto a roda gira? Não!
E
quando se faz a roda interna dos mais velhos? É destaque e proeminência?
Valoração de alguns e diminuição de outros? Não. É a
roda dentro da roda. Tem
hora que a roda maior perpassa pela menor. Sabe
porque os mais velhos ficam na roda interna? Para
serem observados. Copiados. Seguidos. Ali
todos e todas tem status de pai e mãe. Ai vem
a responsabilidade que o Candomblé não tira dos nossos ombros. Por
isso a hierarquia, não para diminuir ou se sobressair sobre alguém, mas para
aprender durante toda a vida iniciática e quando ser mais velho ser seguido,
ser exemplo. É
pesado está na roda de dentro.
O que
eu, como mais velho que estou sendo observado e servindo de exemplo tenho a
oferecer e a ensinar? E não
é só nos ritos, nos gestos e nas danças não. É na
vida. Como
eu me comporto na roça e na vida? Sou
acolhedor e ensinador ou murmurador e me preocupo mais em criticar do que em
ensinar e acolher? Sou
tirano no meu jeito de ser por que sou mais velho? E quando eu tiver com os
meus mais velhos (sempre temos mais velhos que nós), como eu gostaria de ser
tratados por eles e elas?
E não
é menos pesado está na roda externa. Ali
observamos e somos observados também e também escolhemos qual exemplo seguir. É
muito fácil atribuir aos mais velhos e mais novos que giram conosco tudo o que
consideramos negativo, quando na verdade a escolha é minha. Por
que não escolhi o melhor exemplo?
Por
que ao invés de fazer com que um assunto acabe ali, eu incito ao irmão a se
sentir magoado, quando na verdade um exemplo de outro irmão, seja mais velho ou
mais novo nem o atingiu? Por
que me sinto sempre perseguido, quando é uma questão minha escolher se uma ação
vai me atingir ou não? Por
que eu, mais velho ou mais novo, não me questiono em que eu estou contribuindo
para que aquela pessoa aja comigo daquela forma ou tenha aquele sentimento em
relação a mim?
E na
roda temos mais velhos e mais novos fechando o ciclo. A roda
está posta. Sou
também responsável por tudo que acontece nela. Vamos
girando? Vamos
rodando? Vamos
cultuando? Vamos
dançar e bailar com e pelo sagrado, e sendo nós também parte do sagrado.
Espero
que estes assunto da gira mude o meu olhar na próxima vez que me reunir numa
grande roda de culto e me faça mais suave, menos crítico, menos acusador e mais
compreensivo, mais unido com cada energia avocada e invocada na roda quando dos
cânticos e danças para cada divindade.Fé com entendimento é fé, por simples que seja o meu entendimento e compreensão de mundo. Mas fé sem entendimento estamos a um passo do fanatismo, do extremismo, ou de manipularmos ou sermos manipulados na nossa capacidade de vivenciar o sagrado.
E assim a gira gira!
"ô gira e deixa a gira girar, ô gira e deixa a gira girar"!
Tata Ngunz'tala
http://ngunzetala.wix.com/blog#!A-Roda-de-Candomblé/c218b/5576f3880cf2312d79786c71
Parabéns
ResponderExcluirGrato
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