17 de março de 2016

SEJAMOS TODOS EMPREENDEDORES SOCIAIS!

Os empreendedores sociais são indivíduos com soluções inovadoras para os problemas sociais mais prementes da sociedade. São ambiciosos e persistentes, enfrentando as grandes questões sociais e propondo novas ideias de mudança em larga escala.
Em vez de relegarem as necessidades da sociedade para os setores público ou privado, os empreendedores sociais identificam o que não está a funcionar e resolvem o problema mudando o sistema, disseminando a solução e persuadindo sociedades inteiras a seguir um novo rumo.
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Os empreendedores sociais muitas vezes parecem estar possuídos pelas suas ideias, dedicando a vida a mudar a orientação do seu setor. São simultaneamente visionários e muito realistas, preocupando- se acima de tudo com a aplicação prática da sua visão.
Cada empreendedor social apresenta ideias simples, compreensíveis e éticas e tenta obter apoio generalizado a fim de maximizar o número de pessoas locais que irão apoiá-lo, adotar a sua ideia e implementá-la. Por outras palavras, cada empreendedor social é um recrutador em massa de transformadores locais, demonstrando que os cidadãos que canalizam a sua energia para a ação conseguem fazer praticamente tudo.
Durante as últimas duas décadas, o setor social descobriu o que o setor privado já sabia há muito tempo: Não há nada tão poderoso como uma ideia nova nas mãos de um empreendedor de excelência.
Através de cidadania plena e ética empática, os Empreendedores sociais trabalham para integrar completamente pessoas marginalizadas na sociedade, incluindo pessoas que são desfavorecidas por classe, deficiência, etnia, gênero, pobreza ou religião. Uma vez que as vozes e as ações desses grupos são levadas em conta, eles podem poderosamente realinhar dinâmicas sociais para criar um sistema mais igualitário para todos.

(Texto retirado de aula ministrada pelo Professor Marcos Rezende, no curso de Gestão e Salvaguarda do Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades de Terreiros/UFBA/IPHAN)

11 de março de 2016

A RODA DE CANDOMBLÉ

Tata Ngunz'tala

Fizemos um passeio pela sequência dos cultos no Candomblé, especificamente na tradição Angola. Na roda o maior e o menor se completam e se juntam. Na roda não tem maior nem menor. Não tem começo nem fim.
Onde começa? onde termina? Não sei.
Sei que mais velhos puxam à frente para proteger quem vem atrás de possíveis perigos, mas quando roda se fecha todos se protegem reciprocamente. Dançar e louvar a Deus em ciclos, na gira, na roda, é sentir o movimento do universo desde o seu primeiro movimento e um movimento crescente que transcende e nos faz sentir tudo de maneira também imanente. 
Na roda todos estão protegidos ou todos e todas estão sob vulnerabilidade. Em caso de ataque todos/todas podem saber que alguém foi atacado e todos e todas podem se unir para ajudar ou, em caso de desequilíbrio, no ciclo também podemos apedrejar uns/uma aos outros/outras! Trocarmos pedradas. A roda também demonstra nossas fragilidades e pequenez. Candomblé é a roda da vida.
Não sofra se alguém está à sua frente ou depois de você, fazem parte e são elos da mesma roda. Um depende do outro. Se faltar um elo, a roda, a gira não está completa. Não existe melhor, nem maior, nem pior nem menor na roda de culto. Enquanto olhas a todos que seguem a roda também és olhado/olhada. Se sentes que na roda alguém é responsável por algum desequilibro em relação a você, não olhe como se existisse só um culpado. Na roda todos e todas são responsáveis por tudo que ali acontecer. Por que não nos perguntamos como estamos contribuindo para que alguém aja comigo daquela maneira? Sou só vítima enquanto a roda gira? Não! 
E quando se faz a roda interna dos mais velhos? É destaque e proeminência? Valoração de alguns e diminuição de outros? Não. É a roda dentro da roda. Tem hora que a roda maior perpassa pela menor. Sabe porque os mais velhos ficam na roda interna? Para serem observados. Copiados. Seguidos. Ali todos e todas tem status de pai e mãe. Ai vem a responsabilidade que o Candomblé não tira dos nossos ombros. Por isso a hierarquia, não para diminuir ou se sobressair sobre alguém, mas para aprender durante toda a vida iniciática e quando ser mais velho ser seguido, ser exemplo. É pesado está na roda de dentro.
O que eu, como mais velho que estou sendo observado e servindo de exemplo tenho a oferecer e a ensinar? E não é só nos ritos, nos gestos e nas danças não. É na vida. Como eu me comporto na roça e na vida? Sou acolhedor e ensinador ou murmurador e me preocupo mais em criticar do que em ensinar e acolher? Sou tirano no meu jeito de ser por que sou mais velho? E quando eu tiver com os meus mais velhos (sempre temos mais velhos que nós), como eu gostaria de ser tratados por eles e elas?  
E não é menos pesado está na roda externa. Ali observamos e somos observados também e também escolhemos qual exemplo seguir. É muito fácil atribuir aos mais velhos e mais novos que giram conosco tudo o que consideramos negativo, quando na verdade a escolha é minha. Por que não escolhi o melhor exemplo?
Por que ao invés de fazer com que um assunto acabe ali, eu incito ao irmão a se sentir magoado, quando na verdade um exemplo de outro irmão, seja mais velho ou mais novo nem o atingiu? Por que me sinto sempre perseguido, quando é uma questão minha escolher se uma ação vai me atingir ou não? Por que eu, mais velho ou mais novo, não me questiono em que eu estou contribuindo para que aquela pessoa aja comigo daquela forma ou tenha aquele sentimento em relação a mim?
E na roda temos mais velhos e mais novos fechando o ciclo. A roda está posta. Sou também responsável por tudo que acontece nela. Vamos girando? Vamos rodando? Vamos cultuando? Vamos dançar e bailar com e pelo sagrado, e sendo nós também parte do sagrado.
Espero que estes assunto da gira mude o meu olhar na próxima vez que me reunir numa grande roda de culto e me faça mais suave, menos crítico, menos acusador e mais compreensivo, mais unido com cada energia avocada e invocada na roda quando dos cânticos e danças para cada divindade.
Fé com entendimento é fé, por simples que seja o meu entendimento e compreensão de mundo. Mas fé sem entendimento estamos a um passo do fanatismo, do extremismo, ou de manipularmos ou sermos manipulados na nossa capacidade de vivenciar o sagrado.
E assim a gira gira!
"ô gira e deixa a gira girar, ô gira e deixa a gira girar"!

Tata Ngunz'tala
http://ngunzetala.wix.com/blog#!A-Roda-de-Candomblé/c218b/5576f3880cf2312d79786c71

A MÃO QUE SEGURA O XIKILU/ADIJA

Sambamean

O Candomblé é uma festa de sentidos com seus cheiros, gostos, cores e ritmos. O cheiro das folhas, da terra e das comidas de santo. O gosto da fruta, do café fresco e da refeição partilhada. As cores dos panos, das plantas e dos enfeites. Os ritmos marcados dos atabaques, das palmas e dos instrumentos de percussão.
Neste banquete para os sentidos, você se percebe deliciosamente envolvida no caos. Mas olhe atentamente, olhe de novo, repare naquelas senhoras com suas vestimentas chamativas, seus panos no ombro e seus mulele mutue/ojás (pano de cabeça) com abas. São Senhoras de extremo poder, que inspiram respeito.
Estão ali para servir, para orientar. São o olhar que o mais novo procura quando quer saber que direção tomar. É a quem o Sacerdote recorre quando precisa de algo. É quem toma a iniciativa e a quem cabe a responsabilidade da decisão tomada. É quem puxa a roda, é quem dança com os Akisi/Orixás/Voduns divindades do candomblé de acordo com a origem étnica. É a mão que segura o adjá.
Não se deixe enganar pelo barulho as vezes alto que ele faz, e nem por sua aparência singela. O que você vê é realmente uma sineta de metal feito em bronze ou metal dourado ou prateado, podendo ser de uma, duas, três ou quatro campânulas, dependendo da finalidade.  Para os praticantes do candomblé de Angola ou de origem de povos Bantu, poderíamos chamar de Xikilu ou Ngenzu. Uma variação, seria o caxixi que é uma cestinha feita de vime que utiliza como base um pedaço de cabaça e tem sementes no seu interior.
Mas dentre tantos instrumentos iguais, o que os diferenciam uns dos outros?
O que o torna único é a quem ele pertence. É a mão com sua cadência única e sua marcação constante. Um Nkisi/ Orixá/ Vodum reconhece o som daquela que o guia, daquela que escolheu estar naquele caminho para servi-lo, e por isso responde ao seu chamado.
Uma muzenza/yaô (iniciada) reconhece o som daquela mão que passou pelos preceitos devidos para poder estar ali e guiá-lo. Um Ndumbi/abiã (postulante) reconhece naquela mão a orientação esperada e necessária. Não é um som qualquer, não é um tocar leviano.
É preciso cautela para carregá-lo pois daquele instrumento sai o som que traz estabilidade. É neste som que estamos contando para trazer de volta a mente que insiste em se dispersar, para marcar a posição, para nos guiar pelo barracão ou para fora dele, para abrir os caminhos nas matas, para trazer as divindades ao rito, Mesmo que não sejam manifestados em seus filhos ou para avisá-los que quem vem ali tem autorização para estar presente. É o som que nos une ao mundo que não vemos. O kikilu/caxixi materializa este mundo, tem o poder de guiar o Nkisi/ Orixá/ Vodun e com isso causar a manifestação num mona Nkisi/omo Orixá/Vodum (filho/filha). Por isso ele é pesado na mão, para lembrar do peso desta responsabilidade. Esta prerrogativa é exclusiva do objeto, cabe à mão a consagrada para fazê-lo. Sim, existem aqueles que não estão alinhados na energia, por razões infinitas, mas se preocupar com quem está fora de sintonia é valorizar esta atitude e deixar de cuidar de quem se entregou ao rito.
Nesta entrega o ego não pode ter vez, neste espaço não pode haver vaidade. O toque deve vir do coração e o som deve ter a sua cadência, por isso fica alinhado ao corpo perto do coração. A resposta deve vir também do coração, na certeza que cada um, dentro do seu papel, esta agindo dentro de um rito que escolheram como sagrado.
Todo caminho é sagrado, cada um tem o seu. Sigo feliz e realizada no meu e  agradeço a Nzambi todos os dias por ter quem é por mim quando não posso ser. Confio, respeito e me entrego às mãos que seguram o adijá/xikilu/caxixi!

Sambamean
Mona Nkisi da Nzo Jimona dia Nzambi
http://ngunzetala.wix.com/blog#!A-mão-que-segura-o-Xikiluadija/c218b/559a9b110cf2c7ea473ff0d0

4 de março de 2016

3 de março de 2016

CANDOMBLECISTAS NO COMBATE AO MOSQUITO AEDES AEGYPTI

A líder religiosa Makota Valdina se posicionou sobre o papel da comunidade candomblecista no combate do mosquito Aedes Aegypti.
Em reunião com o governador da Bahia, Rui Costa, movimentos sociais e líderes religiosos conversaram sobre as estratégias de combate ao mosquito que é transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya.
Na ocasião, propôs que os fiéis substituíssem alguns objetos usados nos ritos – que podem servir como foco de proliferação do mosquito – por outros que não possibilitem esse evento. Citou como exemplo o uso de alguidares (vasilha de barro), por folhas, evitando assim o acúmulo de água parada dentro do recipiente. “Água para nós é vida, então nós temos que cultivar a água viva que é fonte de vida, e não a água que cria mosquito para matar” explica, Valdina.
Ela também fez menção a capacitação dos irmãos de fé – no combate – para que esses estejam aptos a eliminar os focos do mosquito dentro das casas. Justifica-se relatando que há lugares nos templos sagrados que apenas os adeptos ou alguns membros do terreiro podem adentrar, e por isso é necessário que eles sejam preparados a cuidar desse locais. “Eu acho que nós podemos, por meio da Sepromi (Secretaria de Promoção da Igualdade), a trabalhar por bairro, por região, colaborando com essa campanha” completa.