Sambamean
O Candomblé é uma festa de sentidos com seus cheiros, gostos, cores e ritmos. O cheiro das folhas, da terra e das comidas de santo. O gosto da fruta, do café fresco e da refeição partilhada. As cores dos panos, das plantas e dos enfeites. Os ritmos marcados dos atabaques, das palmas e dos instrumentos de percussão.
O Candomblé é uma festa de sentidos com seus cheiros, gostos, cores e ritmos. O cheiro das folhas, da terra e das comidas de santo. O gosto da fruta, do café fresco e da refeição partilhada. As cores dos panos, das plantas e dos enfeites. Os ritmos marcados dos atabaques, das palmas e dos instrumentos de percussão.
Neste banquete para os
sentidos, você se percebe deliciosamente envolvida no caos. Mas olhe
atentamente, olhe de novo, repare naquelas senhoras com suas vestimentas
chamativas, seus panos no ombro e seus mulele mutue/ojás (pano de cabeça) com
abas. São Senhoras de extremo poder, que inspiram respeito.

Não se deixe enganar
pelo barulho as vezes alto que ele faz, e nem por sua aparência singela. O que
você vê é realmente uma sineta de metal feito em bronze ou metal dourado
ou prateado, podendo ser de uma, duas, três ou quatro campânulas, dependendo da
finalidade. Para os praticantes do candomblé de Angola ou de origem de
povos Bantu, poderíamos chamar de Xikilu ou Ngenzu. Uma variação, seria o
caxixi que é uma cestinha feita de vime que utiliza como base um pedaço de
cabaça e tem sementes no seu interior.
Mas dentre tantos
instrumentos iguais, o que os diferenciam uns dos outros?
O que o torna único é a
quem ele pertence. É a mão com sua cadência única e sua marcação constante. Um
Nkisi/ Orixá/ Vodum reconhece o som daquela que o guia, daquela que escolheu
estar naquele caminho para servi-lo, e por isso responde ao seu chamado.
Uma muzenza/yaô
(iniciada) reconhece o som daquela mão que passou pelos preceitos devidos para
poder estar ali e guiá-lo. Um Ndumbi/abiã (postulante)
reconhece naquela mão a orientação esperada e necessária. Não é um som qualquer,
não é um tocar leviano.
É preciso cautela para
carregá-lo pois daquele instrumento sai o som que traz estabilidade. É neste
som que estamos contando para trazer de volta a mente que insiste em se
dispersar, para marcar a posição, para nos guiar pelo barracão ou para fora
dele, para abrir os caminhos nas matas, para trazer as divindades ao rito,
Mesmo que não sejam manifestados em seus filhos ou para avisá-los que quem vem
ali tem autorização para estar presente. É o som que nos une ao mundo que não
vemos. O kikilu/caxixi materializa este mundo, tem o poder de guiar o Nkisi/
Orixá/ Vodun e com isso causar a manifestação num mona Nkisi/omo Orixá/Vodum
(filho/filha). Por isso ele é pesado na mão, para lembrar do peso desta
responsabilidade. Esta prerrogativa é exclusiva do objeto, cabe à mão a
consagrada para fazê-lo. Sim, existem aqueles que não estão alinhados na
energia, por razões infinitas, mas se preocupar com quem está fora de sintonia
é valorizar esta atitude e deixar de cuidar de quem se entregou ao rito.
Nesta entrega o ego não
pode ter vez, neste espaço não pode haver vaidade. O toque deve vir do coração
e o som deve ter a sua cadência, por isso fica alinhado ao corpo perto do
coração. A resposta deve vir também do coração, na certeza que cada um, dentro
do seu papel, esta agindo dentro de um rito que escolheram como sagrado.
Todo caminho é sagrado,
cada um tem o seu. Sigo feliz e realizada no meu e agradeço a Nzambi
todos os dias por ter quem é por mim quando não posso ser. Confio, respeito e
me entrego às mãos que seguram o adijá/xikilu/caxixi!
Sambamean
Mona Nkisi da Nzo Jimona
dia Nzambihttp://ngunzetala.wix.com/blog#!A-mão-que-segura-o-Xikiluadija/c218b/559a9b110cf2c7ea473ff0d0
Nenhum comentário:
Postar um comentário