2 de dezembro de 2016

Homenagem a Lemba no Tumba Junsara

     O Tumba Junsara realizou neste último dia 30 de novembro uma homenagem a Lemba. Uma árvore foi plantada na casa e o ritual simbólico foi prestigiado pela secretária de Promoção da Igualdade Racial da SEPPIR ( Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), Luislinda Valois, que nos visitou para conversar sobre ações de preservação do patrimônio e ainda sobre o centenário do Tumba Junsara.


28 de novembro de 2016

Mesa redonda: Mãe Xagui - 80 anos de paz e exemplo de vida

Por ocasião das comemorações dos oitenta anos de iniciada de Mãe Xagui, acontecerá uma mesa redonda no dia 01 de dezembro, na sede do Ilê Ayê, Com a participação de Tata Zingue Lumbondo, Makota Valdina, Vanda Machado e Veridiana Machado. Mais informações abaixo:


6 de novembro de 2016

Denuncie a discriminação!

Segue vídeo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR alertando contra o racismo e a discriminação. Denuncie no Disque Direitos Humanos - Disque 100


4 de novembro de 2016

Entrevista com Balbino Daniel de Paula - JORNAL A TARDE


Balbino: "O culto a egungun preserva o laço coletivo" - JORNAL A TARDE
Sáb , 01/11/2014 às 07:00 
por CLEIDIANA RAMOS





Balbino Daniel de Paula, 56 anos, é alagbá, título que lhe conferiu a liderança do Ilê Agboulá. Situado em Ponta de Areia, na Ilha de  Itaparica, o  terreiro sedia hoje à noite o auge de uma homenagem aos egunguns. É uma festa, de certa forma, para os que já morreram, assim como o Dia de Finados,  também comemorado hoje. Mas um culto de vida é a palavra que Balbino prefere para definir a prática religiosa onde atua como liderança.
Aliás, ouvi-lo falar é privilégio, pois o culto feito no Agboulá e em outros terreiros semelhantes, majoritariamente sediados em Itaparica, é pouco conhecido. No posto do alagbá, Balbino tem optado por usar a oralidade para informar, sem revelar os fundamentos do mistério. O objetivo é combater o preconceito e mostrar a  beleza de uma celebração que une entes sacralizados africanos, mas também os que são brasileiros, dentre os quais seus parentes biológicos. É a lição, segundo o alagbá, de que a morte não é o fim, mas uma etapa para o recomeço que é eterno e se renova unindo passado e presente como prática religiosa.

Como o senhor define o culto a egun?
É uma definição complexa, mas vou conceituá-la de forma simples. O culto a egungum é a preservação da existência coletiva. Costumo dizer que, enquanto Exu é o princípio da existência individual, o culto a egungun é o culto à ancestralidade, é reviver o princípio da existência coletiva, guardar os laços de parentesco, entre as famílias e  entre  os habitantes do  globo terrestre. E é isso que o egungun faz:  preserva  a harmonia. Tanto é que cada ancestral egungun representa  uma família para que ela possa se lembrar dele como princípio da existência. É a forma também para que o egungun acompanhe sua família, não permitindo que as adversidades ocorram no seio dela.

A palavra correta é egun ou egungun? 
A  forma, ao morrer, constitui-se em egun. Da passagem de egun para egungun há uma preparação ritualística que ocorre dentro do culto. É a potencialização e a purificação  da energia,   para que no tempo de, no mínimo  sete anos, o egun saia da fase inicial e passe à fase de egungun com toda a energia pronta para retornar à família. 

Qual é a estrutura do templo?
Só homens podem ser iniciados. Hierarquicamente,  temos duas divisões para o sacerdócio: a primeira é a iniciação como amuinsã. Depois, vem o segundo ritual, que é a iniciação para ojé. As mulheres, no egbé, que é a comunidade do terreiro, têm papel fundamental em dirigir a cozinha para o preparo das oferendas . Aos homens não cabe intrometer-se nisso. As mulheres são responsáveis também por  entoar os cânticos. Os homens são responsáveis  pela direção formal dos terreiros. Os ojés têm a decisão, mas quem faz com que as decisões sejam executadas são as mulheres.

O senhor é alagbá.  É o líder?
Sim. Sou  Alagbá  Babá Mariwó, o responsável pela comunidade. No  terreiro de egungun são dois títulos para as lideranças principais:  alagbá, que é o líder daquela casa, e o alapini, responsável  por todas as casas e por responder pelo culto como um todo. Esse título é único. Não pode existir mais de um alapini. 

O culto está sem alapini, nesse momento, por conta da morte de mestre Didi.
Sim.  Mestre Didi  faleceu em 6 de outubro do ano passado. Recentemente, fizemos o ritual após  um ano da sua morte e as casas já estão conversando para estabelecer quando  é que será a escolha  do novo alapini. 

As casas que fazem o culto exclusivo a egungun ficam concentradas em Itaparica? O senhor é da  família Daniel de Paula, a base da resistência desse culto.
Realmente, a maioria das casas estão em Itaparica. A história da família Daniel de Paula é de muita resistência. Não só dentro da comunidade itaparicana, mas dentro do culto a egungun. Essa história começou com Manoel Antônio Daniel de Paula, que teve alguns filhos e, desses, os  mais importantes  como sacerdotes que foram iniciados são Pedro Daniel de Paula, que é pai de Balbino do Aganju (Obaraín),  Olegário Daniel de Paula e Eduardo Daniel de Paula. Esse  foi aquele que, em 1940,  foi preso, como diz uma  reportagem de  A TARDE,  em uma "varejada"  juntamente com sua esposa, vovó Margarida, por conta da repressão que existia não só ao candomblé, mas também ao culto a egungun.  Daí podemos perceber que a família Daniel de Paula tinha muita importância para o culto desde aquela época.  O terreiro que os irmãos Daniel de Paula passaram a gerir foi instituído por volta de 1925 no  local conhecido como Amoreiras, em Ponta de Areia. O primeiro terreiro de culto a egungun foi o Terreiro da Velha Cruz. Tinha  também o  terreiro do Mokambo, que era de Marcos,  o Velho. Depois de um certo tempo e por vários motivos elementos rituais e tradições desses terreiros vieram para as mãos da família Daniel de Paula.   É por isso que digo que a resistência desse culto se deu muito pela nossa família. 

No ano passado, durante o Encontro de Nações do Candomblé, evento realizado pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Ufba (Ceao), o senhor  fez uma palestra na qual disse que é preciso combater o preconceito contra o culto a egungun mesmo entre pessoas de candomblé.
É que as pessoas quando  falam de egun parecem estar falando de uma coisa, além de sobrenatural, ruim, que faz mal e é obsessiva. Isso acontece por conta dos fragmentos de informações que recebem de outras religiões, como o espiritismo, que fala muito do espírito obsessor. Todo espírito obsessor, em  tese, é um egun, mas é preciso entender outros aspectos.  Eu comecei, naquele momento, perguntando à plateia quem é que tinha parentes falecidos. Depois perguntei se as pessoas achavam que o pai ou a mãe falecido eram coisas ruins.  Percebi como elas ficaram mais receptivas. Portanto, o preconceito se dá muitas vezes pelo desconhecimento. Também devemos lembrar como alguns segmentos religiosos atacam o candomblé e, por extensão, o culto de egungun. Uma vez que ele não é tão aberto como o culto de orixás, as pessoas ficam ainda mais temerosas.   E há também  algumas nações de terreiros que não se preocupam muito em  cultuar seu ancestral. Eu entendo que devemos cultuar a nossa origem  Os indígenas cultuam a sua ancestralidade. Aliás,  todos os  grupos religiosos a  reverenciam. Os cristãos fazem assim com Jesus, que é um ancestral.  São  formas diferentes, mas a essência é a mesma.

O senhor costuma dizer que o culto de egungun não celebra a morte, mas sim a vida. Por quê?
Quando falece um membro da nossa comunidade, ele morre para uma vida e renasce para outra. Da mesma forma como os vários grupos religiosos entendem que, ao morrer se vai ao encontro do Senhor, por que o culto a egungun é diferente? Não é. Quando se morre está se nascendo para uma nova vida. A diferença é que essa nova vida não acontece de forma isolada. Ela é compartilhada com todos que ficam porque o egungun tem o papel fundamental de aconselhar, dirimir os conflitos entre os membros da família. Celebra a vida de uma forma compartilhada. 

É por isso que o senhor é do culto de egungun e do que celebra orixás?
Eu sou axogum do Ilê Axé Ogum Alakayê (localizado em Salvador), onde sou responsável pelo abate dos animais que são oferecidos aos orixás. Fui iniciado no candomblé há 36 anos pelo babalorixá Moacir de Ogum. Veja que interessante:  nasci em Itaparica, mas,   ainda criança, vim morar em Salvador, pois minha mãe achava que era melhor para mim e meus dois irmãos.  Morei um bom tempo no Ilê Axé Opô Afonjá porque minha mãe era filha de santo de mãe Senhora, que dirigiu o Afonjá. O meu babalorixá Moacir  também era filho de santo de mãe Senhora. Quem o entregou a ela para ser cuidado foi Babá Agboulá.  Ele tinha uma devoção e um respeito muito grande a esse egungun. Eu fui escolhido para ser iniciado no culto de egungun exatamente por Babá Agboulá. Sou o único até hoje nessa condição. No culto de egungun, para ser iniciado como sacerdote, você tem que ser escolhido por um dos egunguns. Eu já tinha uma ligação com o Agboulá por ser da família Daniel de Paula. Aí vieram também os  laços religiosos por meio do meu pai de santo, Moacir. Portanto, eu cuido de aspectos do culto aos orixás, mas também, como alagbá, dos que partem dessa vida. Todos que morrem merecem cuidados, mesmo aqueles que não chegam a egunguns. 

Quando as pessoas vão a um terreiro de egungun o que elas estão indo buscar?
Geralmente aquilo que não conseguiram encontrar em nenhum outro lugar. Nós  temos que propiciar o encontro dessa pessoa com isso que ela foi buscar. É esse o papel dos  sacerdotes e dos egunguns.   

O senhor foi iniciado no culto de egungun  com quantos anos?
Eu fui iniciado aos 21 anos, porque os nossos mais velhos achavam que, para ser um sacerdote do culto, era preciso já ter constituído uma família com filhos. Eles diziam que só assim seríamos responsáveis o suficiente para estar no culto. Por isso, uma das minhas lutas hoje é para que os sacerdotes compreendam o seu verdadeiro papel. O primeiro cântico que entoamos no culto a egun reverencia o corpo de  sacerdotes.  Ele diz que nós somos espelhos e que temos a cabeça do pai do mistério. Isso significa que não basta você ser ojé se você não é um espelho para a sua comunidade. Não adianta  estar cultuando egungun se quando ele o está aconselhando para fazer o bem e você está fazendo justo o contrário do que ele disse. 

O senhor faz parte de   família que preservou o  culto e tem parentes como egunguns.  Como é a  sensação de ver sacralizadas as  pessoas com quem  conviveu?
Incomensurável. Quando a gente é iniciado como  sacerdote do culto a egungun, o cotidiano faz com que,  muitas vezes, algo que é espetacular se torne uma coisa comum. Mas não é raro, em momentos de festividades, que a emoção tome conta de mim. Durante as festas,  presenciamos  ancestrais que vieram da África junto com os que são brasileiros, alguns deles, inclusive membros da nossa família biológica.  É início e meio de algo que não sei quando será o fim. De vez em quando, desce uma lágrima que a gente esconde (risos). Existe um ritual - nas festas maiores  - que celebra o aniversário desses ancestrais. A gente começa no dia anterior e passa a noite inteira   preparando o campo energético para recebê-los.  Isso, geralmente,  acontece por volta das 5h30 da madrugada . É quando Babá Agboulá, por exemplo,  aparece acompanhado do Babá Obáerin, que foi meu avô Eduardo.  Eu estou ali como alagbá e fico lembrando de momentos da história de resistência desses meus ancestrais para preservar o culto. São questões como essa que me preocupo em passar para as novas gerações. Nós estamos preservando a herança dos nossos mais velhos,  temos o dever de passar para os mais novos, mas da forma como nós recebemos.

24 de outubro de 2016

A luta pela garantia de direitos: os sacrifícios de animais em rituais religiosos

 A secretária de Promoção da Igualdade Racial Luislinda Valois acionou o Ministério Público do Estado de São Paulo na última quarta-feira, dia 19/10/2016, em virtude da lei aprovada em Cotia-SP que proíbe o sacrifício de animais em rituais religiosos na cidade. A lei é considerada inconstitucional, uma vez que a Constituição diz ser "inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. 
Esse é apenas mais um de muitos casos que atentam contra a liberdade religiosa e a garantia dos direitos de praticantes do Candomblé, Umbanda e outras religiões de matriz africana. É fundamental a ampliação dos debates em torno da questão, assim como o fortalecimento das lutas e união de todos na construção de uma sociedade justa e livre.

- Sugestão de texto:

A realidade por trás da tentativa de proibição dos sacrifícios animais nos cultos religiosos
* por Monique Britto Eleoterio para o Portal Geledés - 13.03.2015

Não me causa espanto um projeto de lei que proponha proibir o sacrifício de animais em rituais religiosos. É um desdobramento previsível em um cenário político dominado pelo conservadorismo, racismo e por tentativas de imposição religiosa.

por  Monique Britto Eleoterio via Guest Post para o Portal Geledés

A suposta idéia de proibir o sacrifício supondo alguma política de proteção aos animais demonstra claramente como em uma sociedade desigual, preconceituosa e punitiva o uso das leis é predominantemente feito com o intuito de reforçar essas desigualdades.

Traduzindo: as leis para brancos e para a cultura dominante são de uma forma e para negros e culturas não brancas são de outra.

A primeira coisa que precisamos entender é a seguinte: em uma sociedade laica ninguém é obrigado a ter a mesma visão espiritual sobre os animais “irracionais”. Ser vegetariano é uma opção individual. Então, vamos partir do princípio básico de que TODAS as pessoas têm direito a se alimentar de carne. Visto isso vamos lembrar o que na nossa realidade significa se alimentar de carne.

Alimentar-se de carne significa comer um animal. E para comer esse animal é preciso que ele esteja morto. Até os animais irracionais carnívoros matam suas presas para comê-las. Parece óbvio, mas para as pessoas que julgam o sacrifício animal nos ritos religiosos não é. A dificuldade de entender essa simples questão de matar para comer vem da intolerância religiosa, da discriminação e do preconceito que pressupõe quais crenças devem ser consideradas corretas e aceitas ou não.

Em geral nas religiões de matriz africana acredita-se que o processo de fortalecimento do espírito passa pela alimentação de diversas fontes de energia que podem ser minerais, vegetais ou animais, de acordo com os símbolos da cultura envolvida, o que ficou popularmente conhecido como oferenda. As oferendas envolvem não só o consumo dessas fontes de energias, mas também os rituais e as crenças de quais seres precisam realizar esse consumo. Rituais e crenças que envolvem o reconhecimento dos animais como seres com propriedades divinas e que por isso merecem ritos de demonstração de respeito e permissão para seu consumo.

O intuito aqui não é promover um esclarecimento sobre a simbologia das religiões de matriz africana, mas sim de mostrar que a tentativa de proibir o sacrifício de animais em rituais religiosos não visa à proteção dos animais e sim a criminalização do culto religioso. Nunca houve a proposta de se proibir o consumo de animais, mas sim o ritual religioso através do qual ele se desenvolve. Palavras como “crueldade” e “sofrimento” são usadas com o objetivo claro de moralizar as religiões de matriz africana, de atribuir a seus ritos ares de maldade e de julgar seus valores e crenças como ruins ou errados. E todos nós sabemos muito bem que essa é uma estratégia de dominação, de imposição cultural, racismo e intolerância religiosa.

Além de desrespeitar os valores e crenças de uma cultura religiosa essa tentativa é um esforço claro de moralizar um processo de consumo que é comum a toda sociedade, pois de uma forma geral toda a sociedade se alimenta de carne animal e mata animais para isso. O que os indivíduos que propõe a proibição do culto religioso tentam nos dizer é: você pode comer carne animal, mas não pode rezar, cantar ou matar esse animal com suas próprias mãos, ou seja, não pode expressar sua fé e principalmente, não pode baratear o custo desse consumo ou deixar de pagar por ele aos grandes produtores

Se a preocupação fosse realmente com códigos de proteção ao animal seriam aprovadas leis para regulamentar a forma absurda como animais são criados nas grandes propriedades rurais. Nesses locais animais são criados totalmente presos, sem nenhum contato com o ambiente natural, forçados a reprodução e têm sua estrutura totalmente alterada por “anabolizantes” e medicamentos. O intuito dessa manipulação toda é baratear o custo de criação desses animais e aumentar ao máximo seu rendimento para se ter o maior lucro possível com sua comercialização. Os processos que envolvem a criação de animais nas indústrias de alimentação já foram apontados por organizações de proteção aos animais como absurdos e cruéis e inclusive prejudiciais a saúde humana em alguns casos. Mas a crença envolvida nesse caso é a do lucro e essa nunca é questionada.

Entra aí outra questão que incomoda os grandes produtores, referente ao sacrifício animal que acontece nos cultos religiosos: em geral os animais utilizados para consumo são oriundos de aviários de pequeno a médio porte, regionais ou até de criações caseiras. Essa relação direta entre pequenos e médios produtores e consumidores não é interessante ao agronegócio que tem interesse de dominar o mercado. E só para reforçar, sabemos que essa dominação do mercado de alimentos define inclusive quem na nossa sociedade pode ter privilégio de comer carne

Com esses poucos argumentos já entendemos aqui que a questão de legislar sobre o sacrifício de animais nos cultos religiosos envolve interesses de grandes empresários reforçados pelo apoio de fundamentalistas religiosos que tentam violar o princípio básico de um estado laico para aumentar seus lucros e impor suas crenças. Eles alegam equivocadamente o intuito de proteger a vida animal, para na verdade retirar o direito à liberdade religiosa e se livrar das tentativas de produção econômica “desvinculadas” das grandes cadeias produtoras de gênero alimentício. Uma iniciativa intolerante, opressora e exploradora para obter lucro e violar direitos. -

FONTE: www.geledes.org.br

21 de outubro de 2016

Fala de Tata Zingé Lumbondo (Chuchuca) - centenário "Seu Benzinho"

Segue o vídeo da fala de Tata Zingé Lumbondo (Chuchuca) na sessão solene em homenagem ao centenário de Seu Benzinho, ocorrida em abril de 2016 - Salvador - BA


Entrevista com Tatá Zingé Lumbondo (Chuchuca)

Segue o vídeo da entrevista com o Tata Zingé Lumbondo (Chuchuca), realizada em outubro deste ano, no Rio de Janeiro. A entrevista faz parte do programa Falando de Axé - Angola - promovida pelo Grupo de Estudos Braulio Goffman.


10º Seminário - PLANOS DE SALVAGUARDA: O CANDOMBLÉ E A GESTÃO DO FUTURO - fotos

Nosso 10º seminário aconteceu no dia 05 de agosto de 2016 com os convidados: Profa. Dra. Tânia Fisher CIAGS/UFBA e Prof. Dr. André Luis Nascimento - UFAL, no Tumba Junsara. Tivemos a oportunidade de refletir sobre as nossas histórias e ações, com a presença de membros de diferentes casas espalhadas pelo Brasil, juntamente com religiosos e especialistas no assunto.






27 de junho de 2016

O ator norte-americano e ativista Danny Glover visitou, no último domingo (26), o terreiro Tumba Junsara, na Vila América, cumprindo agenda com organizações sociais, movimento negro e grupo religiosos. Embaixador da ONU para a Década da Afrodescendência e do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o ator tem visitado várias comunidades nas Américas. Nossos agradecimentos ao pessoal do MST e da SEPROMI-BA.

 


 
 
 

23 de junho de 2016

Ator e ativista norte-americano, Danny Glover, visitará o Tumba Junsara

O ator e ativista norte-americano, Danny Glover, estará na Bahia a convite do MST nacional, em atividades que serão acompanhadas pela SEPROMI.

Veja a programação:

- Sábado, 25 de junho
10:00 - Danny Glover na SPD, Largo do Cruzeiro de Sao Francisco.
12:00 - Igreja do Rosário dos Pretos, Pelourinho.
15:30 - Casa do OLODUM.

- Domingo, 26 de junho
8:30 - Sede da Secretaria do MST, na rua da Mouraria, Nazaré;
11:30 - Sede do Ilê Aiyê, Curuzu, Liberdade.
16h - Terreiro Tumba Junçara, Ladeira da Vila America, Travessa Colombina, 30, Av. Vasco da Gama, ao lado da Fundação Pierre Verger, visita à Nengua Mesoeji, Iraildes Maria da Cunha.

17 de março de 2016

SEJAMOS TODOS EMPREENDEDORES SOCIAIS!

Os empreendedores sociais são indivíduos com soluções inovadoras para os problemas sociais mais prementes da sociedade. São ambiciosos e persistentes, enfrentando as grandes questões sociais e propondo novas ideias de mudança em larga escala.
Em vez de relegarem as necessidades da sociedade para os setores público ou privado, os empreendedores sociais identificam o que não está a funcionar e resolvem o problema mudando o sistema, disseminando a solução e persuadindo sociedades inteiras a seguir um novo rumo.
www.kolmea.me
Os empreendedores sociais muitas vezes parecem estar possuídos pelas suas ideias, dedicando a vida a mudar a orientação do seu setor. São simultaneamente visionários e muito realistas, preocupando- se acima de tudo com a aplicação prática da sua visão.
Cada empreendedor social apresenta ideias simples, compreensíveis e éticas e tenta obter apoio generalizado a fim de maximizar o número de pessoas locais que irão apoiá-lo, adotar a sua ideia e implementá-la. Por outras palavras, cada empreendedor social é um recrutador em massa de transformadores locais, demonstrando que os cidadãos que canalizam a sua energia para a ação conseguem fazer praticamente tudo.
Durante as últimas duas décadas, o setor social descobriu o que o setor privado já sabia há muito tempo: Não há nada tão poderoso como uma ideia nova nas mãos de um empreendedor de excelência.
Através de cidadania plena e ética empática, os Empreendedores sociais trabalham para integrar completamente pessoas marginalizadas na sociedade, incluindo pessoas que são desfavorecidas por classe, deficiência, etnia, gênero, pobreza ou religião. Uma vez que as vozes e as ações desses grupos são levadas em conta, eles podem poderosamente realinhar dinâmicas sociais para criar um sistema mais igualitário para todos.

(Texto retirado de aula ministrada pelo Professor Marcos Rezende, no curso de Gestão e Salvaguarda do Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades de Terreiros/UFBA/IPHAN)

11 de março de 2016

A RODA DE CANDOMBLÉ

Tata Ngunz'tala

Fizemos um passeio pela sequência dos cultos no Candomblé, especificamente na tradição Angola. Na roda o maior e o menor se completam e se juntam. Na roda não tem maior nem menor. Não tem começo nem fim.
Onde começa? onde termina? Não sei.
Sei que mais velhos puxam à frente para proteger quem vem atrás de possíveis perigos, mas quando roda se fecha todos se protegem reciprocamente. Dançar e louvar a Deus em ciclos, na gira, na roda, é sentir o movimento do universo desde o seu primeiro movimento e um movimento crescente que transcende e nos faz sentir tudo de maneira também imanente. 
Na roda todos estão protegidos ou todos e todas estão sob vulnerabilidade. Em caso de ataque todos/todas podem saber que alguém foi atacado e todos e todas podem se unir para ajudar ou, em caso de desequilíbrio, no ciclo também podemos apedrejar uns/uma aos outros/outras! Trocarmos pedradas. A roda também demonstra nossas fragilidades e pequenez. Candomblé é a roda da vida.
Não sofra se alguém está à sua frente ou depois de você, fazem parte e são elos da mesma roda. Um depende do outro. Se faltar um elo, a roda, a gira não está completa. Não existe melhor, nem maior, nem pior nem menor na roda de culto. Enquanto olhas a todos que seguem a roda também és olhado/olhada. Se sentes que na roda alguém é responsável por algum desequilibro em relação a você, não olhe como se existisse só um culpado. Na roda todos e todas são responsáveis por tudo que ali acontecer. Por que não nos perguntamos como estamos contribuindo para que alguém aja comigo daquela maneira? Sou só vítima enquanto a roda gira? Não! 
E quando se faz a roda interna dos mais velhos? É destaque e proeminência? Valoração de alguns e diminuição de outros? Não. É a roda dentro da roda. Tem hora que a roda maior perpassa pela menor. Sabe porque os mais velhos ficam na roda interna? Para serem observados. Copiados. Seguidos. Ali todos e todas tem status de pai e mãe. Ai vem a responsabilidade que o Candomblé não tira dos nossos ombros. Por isso a hierarquia, não para diminuir ou se sobressair sobre alguém, mas para aprender durante toda a vida iniciática e quando ser mais velho ser seguido, ser exemplo. É pesado está na roda de dentro.
O que eu, como mais velho que estou sendo observado e servindo de exemplo tenho a oferecer e a ensinar? E não é só nos ritos, nos gestos e nas danças não. É na vida. Como eu me comporto na roça e na vida? Sou acolhedor e ensinador ou murmurador e me preocupo mais em criticar do que em ensinar e acolher? Sou tirano no meu jeito de ser por que sou mais velho? E quando eu tiver com os meus mais velhos (sempre temos mais velhos que nós), como eu gostaria de ser tratados por eles e elas?  
E não é menos pesado está na roda externa. Ali observamos e somos observados também e também escolhemos qual exemplo seguir. É muito fácil atribuir aos mais velhos e mais novos que giram conosco tudo o que consideramos negativo, quando na verdade a escolha é minha. Por que não escolhi o melhor exemplo?
Por que ao invés de fazer com que um assunto acabe ali, eu incito ao irmão a se sentir magoado, quando na verdade um exemplo de outro irmão, seja mais velho ou mais novo nem o atingiu? Por que me sinto sempre perseguido, quando é uma questão minha escolher se uma ação vai me atingir ou não? Por que eu, mais velho ou mais novo, não me questiono em que eu estou contribuindo para que aquela pessoa aja comigo daquela forma ou tenha aquele sentimento em relação a mim?
E na roda temos mais velhos e mais novos fechando o ciclo. A roda está posta. Sou também responsável por tudo que acontece nela. Vamos girando? Vamos rodando? Vamos cultuando? Vamos dançar e bailar com e pelo sagrado, e sendo nós também parte do sagrado.
Espero que estes assunto da gira mude o meu olhar na próxima vez que me reunir numa grande roda de culto e me faça mais suave, menos crítico, menos acusador e mais compreensivo, mais unido com cada energia avocada e invocada na roda quando dos cânticos e danças para cada divindade.
Fé com entendimento é fé, por simples que seja o meu entendimento e compreensão de mundo. Mas fé sem entendimento estamos a um passo do fanatismo, do extremismo, ou de manipularmos ou sermos manipulados na nossa capacidade de vivenciar o sagrado.
E assim a gira gira!
"ô gira e deixa a gira girar, ô gira e deixa a gira girar"!

Tata Ngunz'tala
http://ngunzetala.wix.com/blog#!A-Roda-de-Candomblé/c218b/5576f3880cf2312d79786c71

A MÃO QUE SEGURA O XIKILU/ADIJA

Sambamean

O Candomblé é uma festa de sentidos com seus cheiros, gostos, cores e ritmos. O cheiro das folhas, da terra e das comidas de santo. O gosto da fruta, do café fresco e da refeição partilhada. As cores dos panos, das plantas e dos enfeites. Os ritmos marcados dos atabaques, das palmas e dos instrumentos de percussão.
Neste banquete para os sentidos, você se percebe deliciosamente envolvida no caos. Mas olhe atentamente, olhe de novo, repare naquelas senhoras com suas vestimentas chamativas, seus panos no ombro e seus mulele mutue/ojás (pano de cabeça) com abas. São Senhoras de extremo poder, que inspiram respeito.
Estão ali para servir, para orientar. São o olhar que o mais novo procura quando quer saber que direção tomar. É a quem o Sacerdote recorre quando precisa de algo. É quem toma a iniciativa e a quem cabe a responsabilidade da decisão tomada. É quem puxa a roda, é quem dança com os Akisi/Orixás/Voduns divindades do candomblé de acordo com a origem étnica. É a mão que segura o adjá.
Não se deixe enganar pelo barulho as vezes alto que ele faz, e nem por sua aparência singela. O que você vê é realmente uma sineta de metal feito em bronze ou metal dourado ou prateado, podendo ser de uma, duas, três ou quatro campânulas, dependendo da finalidade.  Para os praticantes do candomblé de Angola ou de origem de povos Bantu, poderíamos chamar de Xikilu ou Ngenzu. Uma variação, seria o caxixi que é uma cestinha feita de vime que utiliza como base um pedaço de cabaça e tem sementes no seu interior.
Mas dentre tantos instrumentos iguais, o que os diferenciam uns dos outros?
O que o torna único é a quem ele pertence. É a mão com sua cadência única e sua marcação constante. Um Nkisi/ Orixá/ Vodum reconhece o som daquela que o guia, daquela que escolheu estar naquele caminho para servi-lo, e por isso responde ao seu chamado.
Uma muzenza/yaô (iniciada) reconhece o som daquela mão que passou pelos preceitos devidos para poder estar ali e guiá-lo. Um Ndumbi/abiã (postulante) reconhece naquela mão a orientação esperada e necessária. Não é um som qualquer, não é um tocar leviano.
É preciso cautela para carregá-lo pois daquele instrumento sai o som que traz estabilidade. É neste som que estamos contando para trazer de volta a mente que insiste em se dispersar, para marcar a posição, para nos guiar pelo barracão ou para fora dele, para abrir os caminhos nas matas, para trazer as divindades ao rito, Mesmo que não sejam manifestados em seus filhos ou para avisá-los que quem vem ali tem autorização para estar presente. É o som que nos une ao mundo que não vemos. O kikilu/caxixi materializa este mundo, tem o poder de guiar o Nkisi/ Orixá/ Vodun e com isso causar a manifestação num mona Nkisi/omo Orixá/Vodum (filho/filha). Por isso ele é pesado na mão, para lembrar do peso desta responsabilidade. Esta prerrogativa é exclusiva do objeto, cabe à mão a consagrada para fazê-lo. Sim, existem aqueles que não estão alinhados na energia, por razões infinitas, mas se preocupar com quem está fora de sintonia é valorizar esta atitude e deixar de cuidar de quem se entregou ao rito.
Nesta entrega o ego não pode ter vez, neste espaço não pode haver vaidade. O toque deve vir do coração e o som deve ter a sua cadência, por isso fica alinhado ao corpo perto do coração. A resposta deve vir também do coração, na certeza que cada um, dentro do seu papel, esta agindo dentro de um rito que escolheram como sagrado.
Todo caminho é sagrado, cada um tem o seu. Sigo feliz e realizada no meu e  agradeço a Nzambi todos os dias por ter quem é por mim quando não posso ser. Confio, respeito e me entrego às mãos que seguram o adijá/xikilu/caxixi!

Sambamean
Mona Nkisi da Nzo Jimona dia Nzambi
http://ngunzetala.wix.com/blog#!A-mão-que-segura-o-Xikiluadija/c218b/559a9b110cf2c7ea473ff0d0

4 de março de 2016

3 de março de 2016

CANDOMBLECISTAS NO COMBATE AO MOSQUITO AEDES AEGYPTI

A líder religiosa Makota Valdina se posicionou sobre o papel da comunidade candomblecista no combate do mosquito Aedes Aegypti.
Em reunião com o governador da Bahia, Rui Costa, movimentos sociais e líderes religiosos conversaram sobre as estratégias de combate ao mosquito que é transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya.
Na ocasião, propôs que os fiéis substituíssem alguns objetos usados nos ritos – que podem servir como foco de proliferação do mosquito – por outros que não possibilitem esse evento. Citou como exemplo o uso de alguidares (vasilha de barro), por folhas, evitando assim o acúmulo de água parada dentro do recipiente. “Água para nós é vida, então nós temos que cultivar a água viva que é fonte de vida, e não a água que cria mosquito para matar” explica, Valdina.
Ela também fez menção a capacitação dos irmãos de fé – no combate – para que esses estejam aptos a eliminar os focos do mosquito dentro das casas. Justifica-se relatando que há lugares nos templos sagrados que apenas os adeptos ou alguns membros do terreiro podem adentrar, e por isso é necessário que eles sejam preparados a cuidar desse locais. “Eu acho que nós podemos, por meio da Sepromi (Secretaria de Promoção da Igualdade), a trabalhar por bairro, por região, colaborando com essa campanha” completa.

24 de fevereiro de 2016

NOVA PÁGINA NO BLOG - "TATAS" - CONFIRA!

A página foi criada para dar visibilidade aos artigos escritos pelo Povo de Santo e em especial por aqueles que lutam pela preservação do Candomblé Angola. 
Tata Ngunz'tala
Nosso primeiro artigo foi escrito pelo Tata Ngunz'tala, Sacerdote do Candomblé Angola/Congo - Ndanji Tumba Junsara, iniciado em 1997. Tata Nkisi/Mukixi da Nzo mona Nzambi em Aguas Lindas de Goiás - GO, entorno do Distrito Federal. Pedagogo, Teólogo e Servidor Público.
Aqueles que tiverem interesse em publicar seus artigos podem mandar para o endereço do contato do blog.

3 de fevereiro de 2016

NKISIS: UM OLHAR DA ARTISTA PLÁSTICA SUZANA REZENDE

Suzana Rezende - Artista Plástica
Suzana é graduada em Artes Plásticas pela Universidade Católica de Salvador. Exerceu a profissão de publicitária como diretora de arte e ilustradora por 30 anos. Em 2002, fez sua primeira exposição individual intitulada INKISIS, a partir de sua passagem por Angola e pelo encontro com Tata Laércio Lembaraji. De lá pra cá, vem desenvolvendo sua pintura e expandindo o conhecimento bantu através de sua arte.
EXPOSIÇÕES:
2002 – Exposição INKISIS - Casa de Angola -Salvador
2004 – Exposição ZUNGUEIRAS - Casa de Cultura Brasil/Angola – Luanda - Angola
2005 – Exposição QUASE TUDO – Espaço Bahia – Luanda - Angola  
2008 – Exposição O FOGO QUE FICA - Terreiro Bate Folha – Festival Alaindê Xirê. Salvador.
2011 – Exposição DIVINDADES NOS ÁSANAS - Grand Hotel Stela Maris.
            Exposição NGUZO com o fotógrafo Fernando Naiberg - Terreiro Mokambo. Salvador
Suzana participou da oficina “Imprimindo Identidades” - projeto de formação em serigrafia do Terreiro Tumba Junsara -  com suas telas que retratam tão bem os Nkisis  impressas em camisas que serviram como avaliação final dos participantes. Esta parceria continua e em breve vários outros projetos virão.
Telefones: 71 - 8102 2824 / 30120615

Nzila
Angorô