23 de julho de 2018

Tumba Junsara visita o Ilê Ya Oman

Belo texto de Tata Nlundyandeembo André Luzolo (Tanuri Junsara) sobre a visita do Tumba Junsara ao Ilê Ya Oman, em Santo Amaro e a entrega do nosso primeiro certificado de Ndanji!
*cadastrem-se também! 
Estar no Recôncavo baiano para qualquer adepto do candomblé é por demais emocionante e significativo. Toda a simbologia e historicidade que essa região representa, faz-nos sempre reviver dentro de nossa cadeia ancestral, toda a vibração e força que nossos antepassados ali plantaram durante a formação do que hoje entendemos sobre a nossa religião.
O Terreiro Tumba Junsara, nascido em Acupe, distrito de Santo Amaro, onde a cultura indígena e principalmente a negra pulsa nas peles, língua e tradições daquele povo, que testemunhou - ouso dizer a mais de 100 anos - o nascimento da pedra fundadora da família Junsara, vem nos último anos clamando pelo país o seu sobrenome, num chamado aos seus descendentes. Essa gloriosa família, espalhadas em centenas por todo território brasileiro, salvaguardada nas tradições e doutrinas apontadas pelos fundadores Tata dya Nkisi Kambambi e Tata dya Nkisi Nlundiamungoongo, no último dia 21 de Julho, entregou as lideranças do Terreiro Ilê ya Oman, sob as bençãos de Leemba (Oxalá), o primeiro certificado que consagrou-o como Ndanji (raiz) com grau de FILHO, descendência direta da casa.
A história dessa egrégia casa, fundada pela filha de santo de Ciriaco (Tata Nlundiamungongo), a senhora Valeriana Lopes Pinto (Mãe Vavá), nos reconta toda essa magnifica teia do único sincretismo que nós negros e negras de candomblé temos orgulho de reverenciar, aquele onde as diversas nações de candomblé comungam de mãos dadas toda a tradição autóctone singularmente reinventada em terras brasileiras, construindo o que somos hoje não só como religião e cultura, mas também enquanto conceito primaz de povo brasileiro.
Ao adentrar aquela casa e sentir toda vivacidade espiritual emanada daquele lugar e deixar o coração fluir na nossa humilde missão de entregar um documento, um papel, tão poucas linhas que reafirmaram o que sentimos ao pisar naquele solo sagrado: somos irmãos, vocês são nossa família e temos a vocês toda a reverência e afeto nos quais, tão íntegro elo, faz-nos trocar a nossa energia espiritual - algo tão delicado e imponente, uns com os outros -.
Naquele barracão entonando com alegria o hino da Casa Tumba Junsara, ouvindo o coro familiarizado em resposta a tão esplendorosa cantiga de louvor a nossa ancestralidade, todos e todas sob a mesma emoção e reconhecimento mútuo, vibramos em alegria, abençoados pelos Bankisi ali presentes, em matéria e energia por aquilo que vimos construindo em direção ao centenário do Terreiro Tumba Junsara: juntar a família para um grande abraço, que carecemos pela distância material, mas que consciente de quem somos e representamos, não nos permitimos enfraquecer tão primitiva aliança, pois não há como um Junsara não reconhecer o outro num abraço, numa benção, numa reza, num fundamento, pois mesmo tão diversos, sincréticos e independentes, temos em nós a sabedoria e força dos nossos ancestrais diretos. Salve o Ilê ya Oman, Ndanji Tumba Junsara!





Dibangulango e lançamento de livro no Terreiro


:: Próximas atividades no Terreiro ::
Na próxima quarta-feira ofereceremos nosso já tradicional Dibangulangu dia Zazi ni Luango, à partir das 17:30
Neste dia teremos a honra de receber as autoras de Calu: Uma Menina Cheia de Histórias - Cássia Valle e Luciana Palmeira para lançamento do livro 
E tem mais: os alunos da ACCS Lugares de Memória do Povo Negro da Bahia estarão presentes também, junto com os professores André Nascimento, Desirée Tozzi e Paulo França.
E na segunda-feira, dia 30, teremos Masangu (pipoca) para Kavungo e Mingau de Zumba. Também às 17:30
Serão todos muito bem-vindos 🍃
#TombaTumba #TerreiroTumbaJunsara




18 de julho de 2018

:: Kizomba Kia Kitembo e Seminário ::

:: Família Tumba Junsara :: Está chegando o dia de nossa grande Kizomba Kia Kitembo! Estão todos convidados para a grande festa e nosso tradicional seminário Tumba Junsara Redescobrindo sua história, este ano com o tema: Mungoongo Junsara: Tumba Junsara e seus Territórios
Este tema nasceu dos trabalhos realizados por ocasião dos tombamentos da luta pelos tombamentos via IPAC e IPHAN, e é reflexo da importância da união do Terreiro com sua Ndanji. Todos vocês filhos, netos, descendentes e amigos tem nos apoiado muito nesse percurso, e consideramos fundamental que nos juntemos na véspera da Kizomba para pensarmos juntos nossos caminhos, com o apoio ainda das comunidades acadêmicas, religiosas e do entorno do Terreiro!
Tomba Tumba!



14 de julho de 2018

Campanha TOMBA TUMBA

Dando continuidade a nossa luta pelo tombamento do Terreiro Tumba Junsara, agora na esfera federal (IPHAN), a Mam'etu Mesoeji pede apoio de toda a família Junsara e amigos do Terreiro! Mande suas fotos do Terreiro ou de pessoas que construíram a história da casa, e mande seu vídeo de apoio ao tombamento para o email tumbajunssara@gmail.com



27 de junho de 2018

Dibangulango de junho

:: Seguimos com nossas atividades de junho ::
Como já é tradicional, homenagearemos Zazi e Luango na última quarta-feira do mês. Hoje, 27/06, no Terreiro Tumba Junsara
Estão todos convidados! 



26 de junho de 2018

Parabéns, Nengua Iraildes!

:: E hoje é um dia mais do que especial, é o dia de nossa Nengua Iraildes Cunha!
A ABENTUMBA e o Terreiro Tumba Junsara desejam um feliz aniversário para nossa Mam'etu! Viva! ::🍃



8 de junho de 2018

Conselho Estadual de Cultura aprova tombamento do Terreiro Tumba Junsara

:: É com enorme alegria que compartilhamos mais uma grande vitória do Terreiro Tumba Junsara! Estamos quase lá!
Obrigada a todos que vem se mobilizando e se juntando a nós nesse caminhar :: 🍃
#TombaTumba

matéria do site da SECULT BA - clique AQUI

Cultura

08/06/2018 12:12

Conselho de Cultura da Bahia aprova tombamento do terreiro Tumba Junsara


gfgfsd

O Conselho Estadual de Cultura (CEC) aprovou o processo de tombamento do terreiro Tumba Junsara no bairro do Engenho Velho de Brotas em Salvador em plenária na tarde desta quinta-feira, 07. A concessão de título de Patrimônio Material da Bahia ao sítio, que culta e transmite tradições do candomblé de origem angolana, foi chancelada por unanimidade.

Vinculado a práticas dos povos de origem Bantu, o Tumba Junsara é uma das casas de Angola mais antigas em atividade na Bahia e irá completar seu centenário em 13 de junho de 2019. O terreiro, que foi inicialmente fundado no município de Santo Amaro da Purificação, ocupa o atual endereço em Salvador desde 1938 e hoje tem como liderança espiritual a “Mameto” Iraildes da Cunha e como presidente da entidade criada para cuidar e defender seus interesses o “Tata” Esmeraldo Emetério.

hfghfghfg

“O reconhecimento do candomblé de nação angola como patrimônio cultural implica no entendimento da singularidade de sua gente, na relevância de suas lutas cotidianas em nossa história cultural, para a preservação da riqueza das formas de viver e de cultuar o reino sagrado. Patrimônio é acima de tudo a valorização das várias lutas de um povo, ao longo das épocas, que se tecem, se fiam, do passado até atualidade” declarou a conselheira Nide Nobre, que elaborou o parecer recomendando a aprovação.

O parecer de Nobre foi amplamente debatido na quarta-feira, 6, no âmbito da Câmara de Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural do Conselho.

“Nos reunimos em dois momentos para conseguir dar andamento a esse processo. O parecer apontava algumas lacunas no dossiê e por isso nos desdobramos para que conseguíssemos ainda nessa plenária realizar a votação com o conjunto dos conselheiros. Tivemos que acionar o IPAC para obter mais informações e deliberar de um modo mais criterioso” disse Ana Vaneska, presidente da Câmara e vice-presidente do CEC.

O Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), através da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural - DIPAT/IPAC, executou todas as etapas técnicas do processo para o tombamento do terreiro, que culminou no dossiê encaminhado para o Conselho de Cultura, órgão responsável por analisar e julgar o tombamento definitivo de bens.

De acordo com o diretor da DIPAT/IPAC, Roberto Pellegrino, a instrução técnica do processo se deu através do recolhimento de todas as informações detalhadas sobre o terreiro, assim como a elaboração de um parecer técnico e anexos compostos por informações como a iconografia, escritura de propriedade, matérias de jornais e artigos, por exemplo.

“Com este parecer conclusivo e favorável do Conselho Estadual de Cultura, em relação ao Terreiro Tumba Junsara, o mesmo será encaminhado à Secretaria de Cultura, sendo em seguida submetido à homologação do Governador do Estado que, estando de acordo, publicará o respectivo Decreto no Diário Oficial do Estado”, explica Roberto.

“O Tumba Jussara já tinha o tombamento provisório e o parecer afirma a necessidade desse tombamento definitivo. Foi um parecer rico em informações e bem minucioso, que lança luz sobre as questões fundiárias que muitos terreiros passam e a partir do qual fica clara a necessidade de um plano de salvaguarda mais elaborado para o Tumba Junsara”, afirmou o conselheiro Mateus Torres, também coordenador de Preservação e Fomento do Centro de Culturas Populares e Identitárias.

O Tumba Junsara tem ligado a si mais de 500 terreiros em todo o Brasil. São casas fundadas por “filhos espirituais” dele provenientes. “Elas seguem e praticam as nossas mesmas tradições”, explicou o “Tata” Emetério que acompanhou junto com outros integrantes do Junsara a plenária do CEC.

“A família do Tumba Junsara está de parabéns pelo trabalho que desempenha na preservação da nossa história” declarou o conselheiro Zulu Araújo, também presidente da Fundação Pedro Calmon e que já foi presidente da Fundação Cultural Palmares.

Ao fim da sessão plenária, os conselheiros saudaram os representantes e filhos do terreiro que acompanharam a sessão.

28 de maio de 2018

27 de maio de 2018

:: ATENÇÃO FAMÍLIA TUMBA JUNSARA ::

Amigos e família Tumba Junsara
Estamos disponibilizando para download dois documentos importantes:

1 - Solicitação de reconhecimento oficial de Ndanji (raíz/ família) Tumba Junsara 🍃
Aos que desejam o certificado de reconhecimento oficial de Ndanji Tumba Junsara: estamos dando continuidade ao processo de cadastramento da família.
Sabemos que somos muitos e por isso é muito importante que todos participem!
Como fazer:
a - preencher o formulário que está disponível para download no link que segue: https://drive.google.com/open…
b - Após preenchimento, mandar uma via assinada para a ABENTUMBA (Associação Beneficente de Manutenção e Defesa do Terreiro Tumba Junsara) via postal, digitalizada ou ainda através de entrega pessoal.
Envio por email para : tumbajunssara@gmail.com
Dúvidas ou informações através do mesmo endereço de email ou ainda pelo site

2 - Ficha cadastral para associação à ABENTUMBA.
Se você é amigo ou família Tumba Junsara e deseja se associar à Associação de Manutenção e Defesa do Terreiro Tumba Junsara (ABENTUMBA), basta preencher o documento disponível no link abaixo, assinar e enviar cópia para a ABENTUMBA via postal, digitalizada ou ainda através de entrega em mãos.
É possível se associar através de duas categorias:
a) Sócio benemérito - contribuição anual no valor de 1 salário mínimo de forma parcelada ou à vista
b) Sócio comum - valor de acordo com sua possibilidade
Envio por email para : tumbajunssara@gmail.com
Dúvidas ou informações através do mesmo endereço de email ou ainda pelo site

Certos da participação e ampla divulgação de todos
ABENTUMBA / Terreiro Tumba Junsara 🍃

24 de abril de 2018

Dibangulango de abril

Nesta próxima quarta-feira, dia 25 de abril, realizaremos mais uma homenagem a Nzazi e Lwango no Terreiro Tumba Junsara, a partir das 17h30! Venham compartilhar conosco!


10 de abril de 2018

A Rede Record e o direito de resposta às religiões de matriz africana

por Pai Rodney — publicado 06/04/2018 10h42
CARTA CAPITAL - LINK AQUI
São 15 anos de luta para garantir que a emissora cumpra a decisão judicial. Mais uma batalha vencida, mas ainda não se sabe quando o direito vai ao ar
Na tarde de 5 de abril de 2018, representantes do candomblé, da umbanda e de outras tradições de matriz africana ocuparam o auditório do Tribunal Regional Federal de São Paulo para acompanhar o julgamento da ação que visa garantir o direito de resposta das religiões afro-brasileiras contra as ofensas veiculadas na programação da Rede Record e outras emissoras ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus.
A questão se arrasta há 15 anos, desde que os representantes dos afro-religiosos ganharam a ação. Contudo, os inúmeros recursos e manobras judiciais impediram que o programa fosse ao ar. Dessa forma, os insultos e incitações à violência continuaram, aumentando e agravando os casos de intolerância.
Ao negar mais este recurso da Rede Record, o TRF-SP não só condena as emissoras a cumprir a decisão de direito de resposta, como torna mais patente os crimes cometidos contra a honra e a dignidade das religiões de matriz africana. Demonstra ainda como o racismo religioso tem sido praticado pela igreja universal, ultrajando toda cultura preservada pelo povo negro no Brasil.
Entre as ofensas exibidas nos programas da Record, a mais frequente é chamar sacerdotes da umbanda e do candomblé de pais e mães de encosto e tratar os orixás como demônios. A sentença prevê, entre outras sanções, a exibição na grade das emissoras de 16 horas de programação de conteúdo positivo e afirmativo sobre cultura e religiões de matriz africana.
A relatora e os demais desembargadores foram unânimes e julgaram improcedente o recurso, ratificando a sentença. Não se sabe, porém, quando os programas com o direito de resposta serão transmitidos e, ao que parece, ainda cabe recurso à Suprema Corte.
É, porém, justo que os povos tradicionais de terreiro comemorem. Trata-se de uma ação contra uma grande emissora de tevê e contra um conglomerado que movimenta verdadeiras fortunas. Sem falar do projeto político cada vez mais consolidado pelo grupo do bispo Edir Macedo.
A sustentação oral do advogado das religiões afro-brasileiras, Hedio Silva Junior, baseou-se na Constituição Federal e em toda legislação e jurisprudência vigentes, partindo da premissa de que vivemos num Estado laico. Teve que confrontar as alegações dos representantes da Record, que em boa parte de sua argumentação respaldaram-se na Bíblia e tentaram interpretar princípios jurídicos pelo viés religioso.
Talvez os advogados da Record tenham subestimado a outra parte ou mesmo a corte que julgava o recurso. Pelo jeito, nem se deram ao trabalho de se inteirar dos autos. Mencionaram a Bíblia como se num Estado laico um livro religioso pudesse se sobrepor à Carta Magna.
Argumentos pífios que, em vez de refutar, confirmaram os ataques e ofensas contra as religiões afro-brasileiras. Segundo os advogados, os programas apenas exerciam uma prerrogativa bíblica e o direito à liberdade de consciência, de crença e de expressão.
Só se esqueceram de uma coisa: um adepto de qualquer religião não pode evocar suas convicções religiosas para se eximir de obrigações legais impostas a todos, conforme prescrito no inciso VIII do artigo 5° da Constituição.
Obviamente, o entendimento dos desembargadores foi de encontro ao que sustentaram os advogados da Record e da TV Mulher, e a vitória por unanimidade deu às religiões de matriz africana um grande mote de união e luta.
Nada nunca foi fácil para o povo negro. Nossas manifestações religiosas e culturais sofreram todo tipo de perseguição, inclusivo do próprio Estado. Contudo, a possibilidade de ver uma rede de televisão exibir um direito de reposta dessa magnitude é um acontecimento histórico e deve mobilizar muitos adeptos da umbanda e do candomblé se ainda houver um recurso ao Supremo.
Desde que 21 de janeiro foi oficializado como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, há mais de 10 anos, a quantidade de denúncias e os casos emblemáticos só cresceram.
A morte de Mãe Gilda, vítima de intolerância e racismo religioso, emprestou à data um tom de revolta e a relacionou diretamente aos ataques sofridos pelos povos tradicionais de matriz africana.
Além disso, o caso de Kailane Campos, de 11 anos, atingida por uma pedrada enquanto retornava de uma celebração do candomblé, as invasões e depredações de terreiros promovidas por traficantes associados a igrejas evangélicas, tudo isso tem alimentado um clima de guerra e prejudicado o diálogo inter-religioso.
Não se pode prever um tempo de paz, sobretudo neste clima de polarização em que jaz o País. Os dias de luta ainda seguem e serão duros, principalmente para as minorias, mas não se pode negar a uma cultura de resistência a prerrogativa de reivindicar justiça e igualdade.
Valer-se das instituições jurídicas para garantir o que está previsto na Constituição mostra um tempo de maturidade e organização entre os devotos dos orixás e inscreve o Brasil na perspectiva do Estado Democrático de Direito. Resta saber se, ao fim e ao cabo, com Supremo, com tudo, a sentença será cumprida.