Entrevista com Tata Talamonakô Kamaú
31 de março de 2016
17 de março de 2016
SEJAMOS TODOS EMPREENDEDORES SOCIAIS!
Os
empreendedores sociais são indivíduos com soluções inovadoras para os problemas
sociais mais prementes da sociedade. São ambiciosos e persistentes, enfrentando
as grandes questões sociais e propondo novas ideias de mudança em larga escala.
Em
vez de relegarem as necessidades da sociedade para os setores público ou privado,
os empreendedores sociais identificam o que não está a funcionar e resolvem o problema
mudando o sistema, disseminando a solução e persuadindo sociedades inteiras a seguir
um novo rumo.
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Os
empreendedores sociais muitas vezes parecem estar possuídos pelas suas ideias, dedicando
a vida a mudar a orientação do seu setor. São simultaneamente visionários e muito
realistas, preocupando- se acima de tudo com a aplicação prática da sua visão.
Cada
empreendedor social apresenta ideias simples, compreensíveis e éticas e tenta obter
apoio generalizado a fim de maximizar o número de pessoas locais que irão apoiá-lo,
adotar a sua ideia e implementá-la. Por outras palavras, cada empreendedor social
é um recrutador em massa de transformadores locais, demonstrando que os cidadãos
que canalizam a sua energia para a ação conseguem fazer praticamente tudo.
Durante
as últimas duas décadas, o setor social descobriu o que o setor privado já
sabia há muito tempo: Não há nada tão poderoso como uma ideia nova nas mãos de
um empreendedor de excelência.
Através
de cidadania plena e ética empática, os Empreendedores sociais trabalham para
integrar completamente pessoas marginalizadas na sociedade, incluindo pessoas
que são desfavorecidas por classe, deficiência, etnia, gênero, pobreza ou
religião. Uma vez que as vozes e as ações desses grupos são levadas em conta,
eles podem poderosamente realinhar dinâmicas sociais para criar um sistema mais
igualitário para todos.
(Texto retirado de aula ministrada pelo Professor Marcos Rezende, no curso de Gestão e Salvaguarda do Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades de Terreiros/UFBA/IPHAN)
(Texto retirado de aula ministrada pelo Professor Marcos Rezende, no curso de Gestão e Salvaguarda do Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades de Terreiros/UFBA/IPHAN)
11 de março de 2016
A RODA DE CANDOMBLÉ
Tata Ngunz'tala
Fizemos
um passeio pela sequência dos cultos no Candomblé, especificamente na tradição
Angola. Na roda o maior e o menor se completam e se juntam. Na roda
não tem maior nem menor. Não
tem começo nem fim.
Sei
que mais velhos puxam à frente para proteger quem vem atrás de possíveis
perigos, mas quando roda se fecha todos se protegem reciprocamente. Dançar
e louvar a Deus em ciclos, na gira, na roda, é sentir o movimento do universo
desde o seu primeiro movimento e um movimento crescente que transcende e nos
faz sentir tudo de maneira também imanente.
Fé com entendimento é fé, por simples que seja o meu entendimento e compreensão de mundo. Mas fé sem entendimento estamos a um passo do fanatismo, do extremismo, ou de manipularmos ou sermos manipulados na nossa capacidade de vivenciar o sagrado.
E assim a gira gira!
"ô gira e deixa a gira girar, ô gira e deixa a gira girar"!
Tata Ngunz'tala
http://ngunzetala.wix.com/blog#!A-Roda-de-Candomblé/c218b/5576f3880cf2312d79786c71
Onde
começa? onde termina? Não
sei.

Na
roda todos estão protegidos ou todos e todas estão sob vulnerabilidade. Em caso
de ataque todos/todas podem saber que alguém foi atacado e todos e todas podem
se unir para ajudar ou, em caso de desequilíbrio, no ciclo também podemos
apedrejar uns/uma aos outros/outras! Trocarmos pedradas. A roda também
demonstra nossas fragilidades e pequenez. Candomblé
é a roda da vida.
Não
sofra se alguém está à sua frente ou depois de você, fazem parte e são elos da
mesma roda. Um
depende do outro. Se
faltar um elo, a roda, a gira não está completa. Não
existe melhor, nem maior, nem pior nem menor na roda de culto. Enquanto
olhas a todos que seguem a roda também és olhado/olhada. Se
sentes que na roda alguém é responsável por algum desequilibro em relação a
você, não olhe como se existisse só um culpado. Na
roda todos e todas são responsáveis por tudo que ali acontecer. Por
que não nos perguntamos como estamos contribuindo para que alguém aja comigo
daquela maneira? Sou só vítima enquanto a roda gira? Não!
E
quando se faz a roda interna dos mais velhos? É destaque e proeminência?
Valoração de alguns e diminuição de outros? Não. É a
roda dentro da roda. Tem
hora que a roda maior perpassa pela menor. Sabe
porque os mais velhos ficam na roda interna? Para
serem observados. Copiados. Seguidos. Ali
todos e todas tem status de pai e mãe. Ai vem
a responsabilidade que o Candomblé não tira dos nossos ombros. Por
isso a hierarquia, não para diminuir ou se sobressair sobre alguém, mas para
aprender durante toda a vida iniciática e quando ser mais velho ser seguido,
ser exemplo. É
pesado está na roda de dentro.
O que
eu, como mais velho que estou sendo observado e servindo de exemplo tenho a
oferecer e a ensinar? E não
é só nos ritos, nos gestos e nas danças não. É na
vida. Como
eu me comporto na roça e na vida? Sou
acolhedor e ensinador ou murmurador e me preocupo mais em criticar do que em
ensinar e acolher? Sou
tirano no meu jeito de ser por que sou mais velho? E quando eu tiver com os
meus mais velhos (sempre temos mais velhos que nós), como eu gostaria de ser
tratados por eles e elas?
E não
é menos pesado está na roda externa. Ali
observamos e somos observados também e também escolhemos qual exemplo seguir. É
muito fácil atribuir aos mais velhos e mais novos que giram conosco tudo o que
consideramos negativo, quando na verdade a escolha é minha. Por
que não escolhi o melhor exemplo?
Por
que ao invés de fazer com que um assunto acabe ali, eu incito ao irmão a se
sentir magoado, quando na verdade um exemplo de outro irmão, seja mais velho ou
mais novo nem o atingiu? Por
que me sinto sempre perseguido, quando é uma questão minha escolher se uma ação
vai me atingir ou não? Por
que eu, mais velho ou mais novo, não me questiono em que eu estou contribuindo
para que aquela pessoa aja comigo daquela forma ou tenha aquele sentimento em
relação a mim?
E na
roda temos mais velhos e mais novos fechando o ciclo. A roda
está posta. Sou
também responsável por tudo que acontece nela. Vamos
girando? Vamos
rodando? Vamos
cultuando? Vamos
dançar e bailar com e pelo sagrado, e sendo nós também parte do sagrado.
Espero
que estes assunto da gira mude o meu olhar na próxima vez que me reunir numa
grande roda de culto e me faça mais suave, menos crítico, menos acusador e mais
compreensivo, mais unido com cada energia avocada e invocada na roda quando dos
cânticos e danças para cada divindade.Fé com entendimento é fé, por simples que seja o meu entendimento e compreensão de mundo. Mas fé sem entendimento estamos a um passo do fanatismo, do extremismo, ou de manipularmos ou sermos manipulados na nossa capacidade de vivenciar o sagrado.
E assim a gira gira!
"ô gira e deixa a gira girar, ô gira e deixa a gira girar"!
Tata Ngunz'tala
http://ngunzetala.wix.com/blog#!A-Roda-de-Candomblé/c218b/5576f3880cf2312d79786c71
A MÃO QUE SEGURA O XIKILU/ADIJA
Sambamean
O Candomblé é uma festa de sentidos com seus cheiros, gostos, cores e ritmos. O cheiro das folhas, da terra e das comidas de santo. O gosto da fruta, do café fresco e da refeição partilhada. As cores dos panos, das plantas e dos enfeites. Os ritmos marcados dos atabaques, das palmas e dos instrumentos de percussão.
O Candomblé é uma festa de sentidos com seus cheiros, gostos, cores e ritmos. O cheiro das folhas, da terra e das comidas de santo. O gosto da fruta, do café fresco e da refeição partilhada. As cores dos panos, das plantas e dos enfeites. Os ritmos marcados dos atabaques, das palmas e dos instrumentos de percussão.
Neste banquete para os
sentidos, você se percebe deliciosamente envolvida no caos. Mas olhe
atentamente, olhe de novo, repare naquelas senhoras com suas vestimentas
chamativas, seus panos no ombro e seus mulele mutue/ojás (pano de cabeça) com
abas. São Senhoras de extremo poder, que inspiram respeito.

Não se deixe enganar
pelo barulho as vezes alto que ele faz, e nem por sua aparência singela. O que
você vê é realmente uma sineta de metal feito em bronze ou metal dourado
ou prateado, podendo ser de uma, duas, três ou quatro campânulas, dependendo da
finalidade. Para os praticantes do candomblé de Angola ou de origem de
povos Bantu, poderíamos chamar de Xikilu ou Ngenzu. Uma variação, seria o
caxixi que é uma cestinha feita de vime que utiliza como base um pedaço de
cabaça e tem sementes no seu interior.
Mas dentre tantos
instrumentos iguais, o que os diferenciam uns dos outros?
O que o torna único é a
quem ele pertence. É a mão com sua cadência única e sua marcação constante. Um
Nkisi/ Orixá/ Vodum reconhece o som daquela que o guia, daquela que escolheu
estar naquele caminho para servi-lo, e por isso responde ao seu chamado.
Uma muzenza/yaô
(iniciada) reconhece o som daquela mão que passou pelos preceitos devidos para
poder estar ali e guiá-lo. Um Ndumbi/abiã (postulante)
reconhece naquela mão a orientação esperada e necessária. Não é um som qualquer,
não é um tocar leviano.
É preciso cautela para
carregá-lo pois daquele instrumento sai o som que traz estabilidade. É neste
som que estamos contando para trazer de volta a mente que insiste em se
dispersar, para marcar a posição, para nos guiar pelo barracão ou para fora
dele, para abrir os caminhos nas matas, para trazer as divindades ao rito,
Mesmo que não sejam manifestados em seus filhos ou para avisá-los que quem vem
ali tem autorização para estar presente. É o som que nos une ao mundo que não
vemos. O kikilu/caxixi materializa este mundo, tem o poder de guiar o Nkisi/
Orixá/ Vodun e com isso causar a manifestação num mona Nkisi/omo Orixá/Vodum
(filho/filha). Por isso ele é pesado na mão, para lembrar do peso desta
responsabilidade. Esta prerrogativa é exclusiva do objeto, cabe à mão a
consagrada para fazê-lo. Sim, existem aqueles que não estão alinhados na
energia, por razões infinitas, mas se preocupar com quem está fora de sintonia
é valorizar esta atitude e deixar de cuidar de quem se entregou ao rito.
Nesta entrega o ego não
pode ter vez, neste espaço não pode haver vaidade. O toque deve vir do coração
e o som deve ter a sua cadência, por isso fica alinhado ao corpo perto do
coração. A resposta deve vir também do coração, na certeza que cada um, dentro
do seu papel, esta agindo dentro de um rito que escolheram como sagrado.
Todo caminho é sagrado,
cada um tem o seu. Sigo feliz e realizada no meu e agradeço a Nzambi
todos os dias por ter quem é por mim quando não posso ser. Confio, respeito e
me entrego às mãos que seguram o adijá/xikilu/caxixi!
Sambamean
Mona Nkisi da Nzo Jimona
dia Nzambihttp://ngunzetala.wix.com/blog#!A-mão-que-segura-o-Xikiluadija/c218b/559a9b110cf2c7ea473ff0d0
4 de março de 2016
3 de março de 2016
CANDOMBLECISTAS NO COMBATE AO MOSQUITO AEDES AEGYPTI

Na ocasião, propôs que os fiéis substituíssem alguns objetos usados nos ritos – que podem servir como foco de proliferação do mosquito – por outros que não possibilitem esse evento. Citou como exemplo o uso de alguidares (vasilha de barro), por folhas, evitando assim o acúmulo de água parada dentro do recipiente. “Água para nós é vida, então nós temos que cultivar a água viva que é fonte de vida, e não a água que cria mosquito para matar” explica, Valdina.
Ela também fez menção a capacitação dos irmãos de fé – no combate – para que esses estejam aptos a eliminar os focos do mosquito dentro das casas. Justifica-se relatando que há lugares nos templos sagrados que apenas os adeptos ou alguns membros do terreiro podem adentrar, e por isso é necessário que eles sejam preparados a cuidar desse locais. “Eu acho que nós podemos, por meio da Sepromi (Secretaria de Promoção da Igualdade), a trabalhar por bairro, por região, colaborando com essa campanha” completa.
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